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as coisas das coisas

  • Maíra Motta
  • 30 de out. de 2015
  • 1 min de leitura

Toda coisa tem si uma coisa que é só sua. E eu, que sempre valorizei a forma abstrata como nasce o pensamento e, demasiadamente, sigo confiante na minha memória, me pego hoje de mãos e pés atados à concretude das coisas. Cato em cada canto do meu quarto os detalhes que me significam. As fotos que revelam gente e gente que revela saudade. O piano que nunca toquei, o Dorival Caymmi que quase quebrei de tanto ouvir. Um violão herdado do qual só tiro, e mal tirado, um Belchior e olhe lá. A almofada azul e marrom, um quadro pequeno de uma ponte de Praga e um quadro grande de uma feira do Rio. A parede tom de cereja, a impressão dos girassóis, a garrafa de vidro de um reveillon feliz que hoje guarda a flor de bananeira feita à mão por um passante na Lapa. Cada coisa traz em si um tanto de outras coisas que a cada “bom dia!” se distanciam delas próprias e me aproximam mais de mim.

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