a gente camisa
- Maíra Motta
- 21 de jan. de 2016
- 1 min de leitura
Na parede o espelho redondo quebrado, a cor rosa claro e palavras que gritam "gratidão é o caralho".
Acordei sem saber onde estava. O olho abriu e um universo inteiro se perdeu. Do que se trata a perda? É impressionante o zunido rodopiado que duas hélices são capazes de fazer. A luz branca do dia anuventado -de nuvem e sem vento. Os barulhos das coisas que acordam aos poucos; portas batendo, louças em louças, água em louças, louças na mesa, esse cheiro de café. E os pássaros -que vêm sempre primeiro.
Do que se tratam as coisas que acordam? Se toda essa luz não fosse ressaca e só outro sonho, ainda não despertado, de três dias atrás Eu abriria os olhos e aquele amor, velho e cabível,
feito as camisas que tanto gosto -que já tem forma de corpo e bolinhas gastas boas de cutucar- ainda caberia. Se ainda me coubesse. Se a gente ainda se vestisse abrir os olhos seria apenas questão de costume. Mas os pássaros vêm sempre primeiro.
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