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vai, carnavália

  • Fernanda Pougy
  • 14 de fev. de 2016
  • 2 min de leitura

Passa um mar colorido no amplo, uma sereia de peruca no ângulo, um marajá esbarrando. Fala para aquela fada o quanto ela é linda, além de comentar que ela tem gosto amargo de coisa proibida. Agradece a ajuda dela e continua. Segura a pessoa que cai em um buraco na calçada, oferece o tão precioso último gole de água para ela. A gratidão mais sincera é claramente a de quem pode matar a sede por tua causa. Segue o seco. Negocia com os ambulantes. Revê a fada. Seleciona dentre as tantas ofertas o tipo de sacolé que lhe interessa. Pede um gelinho para esfregar na testa. Senta no meio fio para descansar, tirar areia do sapato, mexer na bolsa. Nunca pega o celular e os olhos ficam sorrindo. Escuta, com nariz colado, um elogio bonito. Calor. Amor. Mistura suor e purpurina. Encontra todo mundo. No abraço de tantos tantos amigos - que dizem pelo olhar a alegria que é estar ali, naquele lugar, naquele momento, testemunhando juntos a festa -, aprende o encanto de ter pessoas. Ter mundo. Todo mundo. Vem, diz alguém estendendo a mão, está todo mundo logo ali! E vai para lá correndo, que é com eles que quer celebrar isso. Sabe que é a coisa mais importante que temos, isso que é celebrado nesses dias. Aquilo com o que estamos aí uns para os outros, estando aí uns para os outros mais do que nunca. Carne que não é peça, mas gozo. Então sente o escândalo: festejamos o corpo. Aqueles que são de censura e borda não sustentam, se ofendem, repudiam e jogam spray de pimenta, em vez de purpurina. É de pena. Mas torce, tosse para expelir e segue, pois é da maior importância resistir e encontrar mais sorriso, chão, caminho e carinho logo alí.

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