top of page

coração é terra de marlboro

  • Patrícia Barbedo
  • 20 de fev. de 2016
  • 1 min de leitura

Cerimônia é para burocratas e você nem pediu licença. Formalizou no pedido de um beijo, algo que não se ouve a não ser aos 15 anos. Agora faz um calor descomunal, a memória é de mangas compridas. Botões apertados para proteger o pulmão, o cigarro segue querendo acender. É o disfarce que encontramos para descobrir aquela gafe que só fica evidente se contada com uma fumaça jogada a esquerda compensando o movimento em falso. Reservar é importante e só falar de amores é chato, mas dá uma boa dimensão para onde não vamos, pois. É terra pisada, areada e não dominada por um movimentos de lábios eventualmente molhados porque solo e precisa regar. A ser cultivada, diariamente. Um burocrata não sabe o que é pés na terra, aquele grão entre os dedos, o cheiro de algo queimando no forno é tudo o que olfata. Enxerga no escuro que pulsa, tato é para polidos, delicadeza na pá que alfafa é um desperdício posto que não vai nascer nem viver nenhuma emoção se não for pra cavar. Cava então que não é terra de ninguém. Ocupação dispensa cerimônias.

Comments


bottom of page