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sobre ir

  • Ilan Vale
  • 14 de abr. de 2016
  • 1 min de leitura

subo no ônibus

agradeço ao motorista, que acena com a cabeça

dou boa noite ao trocador e estendo o dinheiro da passagem

i m o v e l

o olhar do trocador me trespassa. a mim e a tudo que é sólido em seu caminho

depois de algum tempo congelados, eu repito o boa noite. dessa vez um pouco mais alto pra testar se ele ainda respondia a estímulos externos

quando eu já dava o caso por perdido, ele religou ( tipo quando você liga o carro com a marcha engatada )

passada a roleta olhei pro ônibus e vi muitos rostos ( pare aqui e brinque com as pronúncia de rôstos e róstos )

alguns me olhavam, outros miravam celulares e horizontes

mas todos sisudos .

ninguém batucando um samba antigo ninguém chorando a tristeza da vida ninguém ligando pra um novo amor ninguém chorando a beleza da vida ninguém fazendo fat family com a cabeça ninguém andando de skate de dedo no banco da frente ninguém rindo com uma mensagem ninguém cantando de olho fechado ninguém comendo vento ninguém meditando ninguém sorrindo

todos só indo

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