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não temos tempo de temer

  • Fernanda Pougy
  • 12 de mai. de 2016
  • 3 min de leitura

Olhem bem com quem vocês estão fazendo coro e, por favor, pensem. Em vez de repetirem incessantemente que o importante é "fora PT", por favor entendam que defender o impeachment para acabar com a corrupção é um contrassenso. Apenas parem e se abram para fora dessa repetição desenfreada daquilo que viram na tv, abram os ouvidos, abram os olhos: estão tirando nossa voz. A nossa voz é o voto! Ou era. Se o voto popular e a constituição podem ser atropelados desta forma, estamos em um lugar muitíssimo delicado agora.

Vocês que apoiam o impeachment e acham que isso tudo está acontecendo porque colocaram camisas da seleção, bateram panelinha, foram para as ruas e foram ouvidos: pensem outra vez! Esse movimento que houve nas ruas não foi a causa do processo, foi arquitetado com ele. O convite chegou pela tela do plimplim, reflitam, não sejam fantoches. É importantíssimo nos questionarmos sobre o papel da mídia na construção do discurso impedimentista, mesmo que isso precise ser feito a partir do que o outro diz, com as notícias que saem lá fora sobre o que está acontecendo com a gente. Que seja assim também é algo que deveria nos servir de alerta e nos confrontar com o que isso diz sobre o lugar em que nos encontramos. É preciso refletir, não ser reflexo.

E, por favor, não sejam podres (!), dando panelas e porretes de Dilma e Lula vestidos de presidiários para seus filhos e netos brincarem. Isso não é "só um brinquedo", estão os ensinando a odiar. Desejo com força que essas crianças, bem como aquelas "homenageadas" por seus parentes inescrupulosos na votação do dia 17, encontrem uma saída para crescerem de cuca legal.

Tem sido uma tarefa dificílima falar sobre isso de uma forma que não seja agressiva, mas estou me esforçando para tal porque vocês não são só aqueles opositores supostos imaginariamente - da pior espécie e com quem não me encontro nunca nessa bolha que escolhi viver -, são também minha família, pessoas que eu amo, com quem não tenho conseguido me comunicar. A cada conversa ou post insensato que leio me pergunto se vocês estão surdos, se são mal informados (para ser delicada, porque escolher ler certas coisas e comprar esse discurso requer uma tremenda falta de crítica, memória histórica e bom senso) ou, o que é ainda mais triste, são mesmo muito reacionários, daqueles que acreditam na "família quadrangular", seja lá que diabos isto for, e no autoritarismo. Me incluam fora desse ideal e saibam da minha profunda tristeza em vê-los assim, toda vez.

Lamento muito e gostaria de dizer o seguinte para vocês, que é apenas o básico, com respeito, calma e por escrito, para que possa ser relido e eu me sinta respondendo a tudo de podre que vem sendo propagado nas redes sociais, no congresso, nas esquinas:

Família é onde há amor.

Aborto é um direito que a mulher merece ter sobre o próprio corpo.

Torturadores são criminosos perversos e é INADMISSÍVEL que sejam enaltecidos, seja na câmara dos deputados ou na padaria perto de casa.

Democracia é o sistema em que cada cidadão participa do governo. Fazemos isso através do voto direto, que está sendo desrespeitado neste momento. Nela, o direito de fazer oposição ao governo em manifestações pacíficas deveria estar assegurado, quando não, trata-se de uma ditadura: eis o que começamos a ver.

Nós não temos tempo a perder.

Não temos tempo de temer.

E, por fim, com assombro pelo fato de ainda ser necessário colocar coisa tão óbvia: O ESTADO É LAICO. Deus não tem (ou não deveria ter) nada a ver com isso.

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