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Temer jamais.

  • Maíra Motta
  • 13 de mai. de 2016
  • 2 min de leitura

12 de maio, de 2016_ Buenos aires/ Argentina.

Televisões de todos os bares de acá exibiam o testão e cara de naftalina do Temer engasgando o próprio discurso. Vomitei um café ruim, larguei a televisão e entrei num cinema. Assisti um documentário sobre os refugiados da diáspora palestina na América Latina e a luta deles pra voltar pra casa. Pessoas despreparadas para enfrentar as consequências da guerra e que se viram obrigadas a tentar a vida em outros estados que os vêem como um problema social não previsto. Durante todo o filme, pensei no Brasil. Lembrei do indígena que morreu com a cabeça esmagada em Belo Horizonte no início desse ano, sem etnia, sem nome, sem idade. Pensei no Mato Grosso do Sul, nos Kaiowá e Guaranis que são assassinados todos os dias por pistoleiros; Pensei nas centenas de homossexuais mortos e nos milhares vivos que não podem escolher a própria vida e nas mulheres que não podem decidir sobre o próprio corpo. Na ditadura que já rola solta com polícia com milícia com bope e sem vergonha. Pensei em como toda guerra é uma só: uma política podre de exclusão, estampada na nossa bandeira e nos nossos jornais, há anos varrida pra debaixo do tapete. A guerra é um ministério sem negros e sem mulheres, é a tomada de poder sem voto, é minoria sem voz, é a mídia sem escrúpulos, é um bispo caga-regra sem respeito, é uma bancada inteira formada por gente que nunca viveu sem “sem” porque no berço já veio com todos os privilégios. E pra política de exclusão, a última solução é o discurso de apaziguamento. Não, não vai melhorar, não vai ter mais ordem e muito menos qualquer progresso, presidente. Vai ter desordem porque a esperança equilibrista já tá é pra lá de desequilibrada. Mas de bagunça a gente também entende bem. E vai ser um prazer chacoalhar esse país até fazer cair essa bancada.

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