existo

as coisas, as palavras, os amontoados de átomos que constituem meus dedos, a tela do computador, a xícara de café. somos tudo feito do mesmo. me vejo pensando no limite da dependência e do ser só. hoje escolhi a solidão, o café, a escrita. mas passado um tempo me sinto engolida pela inexistência que é ser só. o existir talvez seja a repercussão que causamos no outro e sem ele sou apenas amontoado de átomos, centro de um universo. passado mais tempo vem o outro, o tumulto que é o encontro e a frustração de não ser a paz que pensei. que me preparei todo o tempo para ser. o melhor de mim. combustão. surge a necessidade de conhecer outros amontoados de átomos, outros corpos, que originará outros eus. alquimia. transmutar, redescobrir, reinventar. ser o infinito que é ser sempre o início