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vou te contar um indício

  • Maíra Motta
  • 15 de jul. de 2016
  • 2 min de leitura

você ficaria maluco. compraria aquele fone de ouvido verde neon no mercado livre e cantaria até guilherme arantes, você mudaria até de país, só pra não ouvir minhas histórias que você chama de mentira, mas que não passam de indícios de que a vida pulsa também nos bueiros da 9 de Julio por onde corre, junto com as baratas e com as deságuas do ralo do vizinho, meus excessos do dia e as células-cadáveres meu corpo.

{será que as células também sofrem ataques cardíacos? obesidade mórbida? ou será que as células, feito os peixes de aquário, só morrem de tédio e velhice?

você ficaria maluco! a verdade é que ontem escalei um pônei peludo do tamanho de um dromedário e com aquelas corcundas, sabe? aquelas corcundas onde eles guardam água -é nas corcundas que eles guardam água? ou isso são os camelos? a verdade é que é possível caminhar sentada entre duas montanhas feitas de água e deus me livre dos argumentos bíblicos e da grade da record, isso não tem nada que a ver com os milagres de Jesus. o milagre é a corcunda do camelo. como pode caber tanta água dentro?

eu li que uma pessoa normal perde 2,6 litros de água por dia. quanto será que a gente perde por dia?

você tá cantando alto, “daria tudo por meu mundo e nada mais”. você pega pesado, às vezes. roubo o controle remoto e aumento o som do chuveiro e você virou um pato de borracha e uma miniatura do hércules que marca a mesa do bar e o descascado do meu esmalte “manjar de tapioca” ou “marshmallow de alfazema”, quem inventa tanto nome?, o descascado que deságua pelo ralo, você corre por debaixo de tudo que é concreto

na 9 de Julio.

posso te contar um indício?

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