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matar cansa

  • Maíra Motta
  • 31 de jul. de 2016
  • 2 min de leitura

começo assim, por listas. tecla no dedo e papel na caneta são a primeira ameaça pra calar o pensamento. cala a boca, pensamento! ou te afogo no café. um balde de café, por favor. um casaco e as chaves que eu preciso sair daqui, posso levar o corpo e deixar a cabeça em casa? de castigo. feito criança no alto da gangorra. uma casa dentro de um táxi, quero doar a metade dessas roupas, pra que tanto sapato, meu deus? trocava esses três por uma pantufa peluda igual àquela do ortman. amanhã já é agosto, e eu pensei, falei: primeiro de janeiro. cometo atos falhos o tempo todo. que nem ligar pra Decolar pra resolver fatura da Tim. me inscrevi na academia, onde eu nunca sobrevivi mais que uma semana, mas é sempre bom tentar de novo, vai que eu mudei? como é que a gente faz pra saber quando tá insistindo no mesmo erro? o nome disso é burrice ou auto-sabotagem, dá no mesmo. fecha essa aba, vai, você sempre foi boa nisso, are sure you want to leave this page? vou começar aquela dança e aquele outro curso, olha, um edital!, quero ver essa peça e tem esse texto pra ler, matar cansa. cansa mesmo. pensar com o que eu vou ocupar meu tempo é uma forma burra de ocupar o tempo, sou péssima pra downloads, por que não tem todas as temporadas no netflix? vi um filme ótimo na vida real. sai do facebook e vai pra argentina, me disse o fulano. o fulano não sabe mas eu já tenho até uma planta em casa, fulano! nunca antes uma planta durou tanto tempo comigo. três meses e algumas folhinhas a menos. deixei ela no quarto antigo pra morrer por lá, longe de mim, e aí eu ter a sensação de que comigo ela viveu pra sempre. tenho umas lógicas ridículas que às vezes funcionam e outras que só me fazem rir, o que também é quase sempre sinal de solução. pensa no mar, como é mesmo aquele mantra? café! preciso descobrir qual vai ser o meu nesse bairro. amanhã é dia 1 e segunda-feira, será que é lua nova também? mudei. adoro quando as coisas pragmáticas, tipo calendário lunar, dia da semana e do mês, calham com meus movimentos pequenos que ninguém vê. cansei de pensar em você pode ir embora? pensar cansa, pensar é sempre sozinho, né? é agosto, o que você não está fazendo aqui? matar cansa, mas uma hora vai. o cansaço, as chaves, o casaco, que eu preciso voltar lá. te deixar naquele quarto, junto com o Shakusky, do lado bom daquela planta.

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