estados
- Maíra Motta
- 25 de nov. de 2016
- 1 min de leitura
Abrir uma página em branco e ler letrinhas brotando sempre quando não há trânsito entre a cabeça e o dedo e, então, elas chegam rápido. Amanhã faz sete meses que o corpo é estrangeiro e no entanto o Javier continua com o mesmo corte de cabelo e o gosto do café até melhorou um pouco –ou foi só o paladar que esqueceu um bocado? A parede tem uma nova coleção de dibujos e o que muda é chamar as pessoas pelo nome. O que muda é saber que a Sônia sente dor de dente e que todo dia cedo os homens do bar ao lado sentam na rua para mais uma rodada. O labrador marrom e gordo dorme estendido bem no meio da calçada, com as patas esticadas para trás do corpo, assim, como quem gosta de se sentir tapete. O que muda é dizer “mejillas” e também saber falar mas preferir ficar mudada. Chegar é lento e se eu disser a verdade é que já é quase verão e voltar agora dá frio.



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