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looping

  • Gabriela Giffoni
  • 16 de dez. de 2016
  • 1 min de leitura

a navegadora confessa a baleia:

- decidi que serei fado.

a baleia se vira de barriga pra cima.

em seu estômago: nossas crianças e bichos se misturam

onde a navegadora acarinha sua cabeça

e estoura os lábios em brrrr

brrrr

engolem

a respiração em uníssono.

faz sol no terraço.

roncos de um sonho:

amar profundamente

balbuciam

amor na

mensagem que não veio amor

nas lacunas em oceano-forma

que movimentam embaralham amor

tomam as risadas cidades e colocam [ ] no lugar amor

a baleia e a navegadora tem memória do sentimento da falta

do sal de uma água

dentro do olho-mar-sexo-selvageria que não se sabe

se partiu ou se ainda não chegou

e restam

sólidas

enormes

aspiradoras de ar

predestinadas a esposarem com

os desencontros

desses corpos moribundos pelo mundo

ou virarem só uma

dentro de suas línguas-constelações

entre salivas e dnas

à espera

daquilo que se anuncia em molécula

cena

violão

laringe

rei

mas nunca as salvou do frio

e nem de nós mesmas.

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