lo que no se nombra
- Ailén Scandurra
- 2 de fev. de 2017
- 2 min de leitura
De forma automática, pelo caminho conhecido de embalar e empacotar, de encaixar papeis , furos, roupas doadas, não usadas, fotos que perambulam de cá pra lá, comigo, por que insisto em reconstruir aquelas imagens, em refazer suas sequências, re-materializar seus fins, são imagens e só, são tinta e papel-plástico grudado nos dedos, que não se perdem, que não arrancam, que seguem os mil caminhos que vou desenhando com os pés, permanecem comigo, insistem por que eu deixo. Não os deixo, não os devoro, apenas os contemplo e os anseio, deixo que dominem meus lugares vazios e manipulem a narrativa como eles quiserem. Fui refém, fui por que deixei e hoje não quero mais ser. Treze anos de partidas. Fui embora pra voltar a um lugar novo que já vi muitas vezes e do qual fugi. Estar de verdade, de peito corroído, com as fissuras latejando novos líquidos que escorrem. Ando e andei e parece que tantos anos é para voltar ao início, se pendurar da árvore para observar e apenas estar por que escolho, finalmente assumo que escolho esta cidade violenta. São vozes doidas que trepam pelos sonhos, relembram os medos, agarram e mantém os medos ali, na ponta do nariz, quase que impossível atrapar, tão fora do alcance. As esquinas tão vívidas cheias de sons velhos rebatendo no meio-fio. Pois que venham, que os medos e essas fotos e esses sonhos me abracem. Que com essa chuva fria de quintal abandonado, esse cinza estranho que nubla os olhos, que essas veias azuis congeladas de uma casa cheia de paredes coloridas, me envolvam. Que essas pessoas que me doem me envolvam. Que essas salas cheias de eco me envolvam. Que as entreabertas construções entupidas de toda uma vida que tanto adoeceu, que tanto esqueci, que tanto deixei nesta terra, me envolvam. El jardín dónde solo los pájaros habitan. Que los pájaros armen enormes nidos en los cuales mi cuerpo se acobije. Que sus voces reboten por las ramas y dibujen las mañanas que se avecinan. Que sus soplos me recuerden hermosas fotos imágenes abrazos que nos dimos en días de silencio en ese mismo patio y los nuevos vientos arquitecten vidas que ni imagino. Hay abrazos y ojos que cambian de color, hay hermanos y el querer bien, siguen las paredes de colores, siguen los atajos de la memória que busca sin cesar ese espacio de concreto que me dice “sí, es tuyo y te espera”. Sí, te espera. Miralo. Sostené el ahora que te regala la posibilidad de respirar los aires que vos elejís. Ya no hay víctimas, no hay enemigxs, ni brújulas que giran contra tu voluntad. El verano te preparó una sorpresa, te abrió las puertas de la casa, solo hay que entrar.
Comments