Oxum
- Patrícia Barbedo
- 12 de jul. de 2017
- 1 min de leitura
Não sei se os vinte e oito ou o ar seco, mas olhei no espelho e vi uma visga abaixo das narinas. Levantei novamente. Deixei cair. Sim, havia um bigodindinho de chinês, diria as esteticistas de minha mãe. Calma, não exagera. O nariz continua ali, um tanto quanto perfeito para compensar a cabeça que muito bem em forma, com neblinas, não sustenta declínios mas brinca de construir e fazer de tudo um grande estrago bem bonito com muito vermelho e pouca pressa. O levantar da sombracelha direita por um tempo funcionou como um charme bem cafona, lá nos 17 agarinhava admiração de moços e moças. A última limpeza de pele, já há alguns meses, não existe. só conforma. Mas olha aqui, lábios grossos meu amor, Hollywood inteira quer e Deus te deu, assim de graça sem cobrar nada em troca, só a neblina. Dirigir requer retrovisor, ajeita o lápis borrado, abaixa o farol. Abaixa que o delírio narcísico é um perigo, mon amour, tua analista te disse. A drag queen daquela festa em 2014 também. É um vórtice sem fim, sem fim, sem fim.
É a solidão. É a escrita sem vergonha. Lançar mão de metáforas, e olha aqui, é só isso. Um pé de galinha.
Tão vendo?
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