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quase 2

  • Patrícia Barbedo
  • 12 de jul. de 2017
  • 1 min de leitura

É mais espesso, você sente. O cigarro daqui é filtro amarelo submarino de um oceano que tá lá marcando uma distância sem preocupação alguma com a nossa existência, e olha só, existimos nessa teimosia. Tentei escrever ouvindo Banda Eva mas esse momento ficou guardado na cebola refogada. E o cheiro já bem depois do café que me acordou, que nunca é só um café. E o cheiro, nisso a distância oceânica é cruel. O cheiro. O cheiro. Gosto dele em cada detalhe horrível e maravilhoso. Quando queima na cafeteira ruim que insiste em vazar e te ouvir sonolenta e irritada “ai! ” só não é melhor que. Vou já comprar uma nova cafeteira. A distância tem um ritmo de dança quando a rotina chama que só não tem mais graça que os velhinhos, lentos e charmosos nas segundas mais tristes. Parece o oceano, grande demais pra se preocupar com o pano de prato meio marrom que anuncia também sem muita preocupação se o dia vai ser nublado ou mais. Essa anarquia completa de idosos oceanos e objetos domésticos ao nosso redor é de se aprender, meu amor. É de se aprender. Prender. Só esperando nossa preocupação, a quebra, ressaca, e um azeite.

Não falta o sal.

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