.
- Ana Luisa Queiroz
- 20 de set. de 2017
- 2 min de leitura
todo mundo que me conhece, sabe que eu tremo. e não tô dizendo que precisa ser meu amigo do peito ou aquele familiar que viu minha primeira palavra aureliana ser bola. não não. bastam cinco minutos de bar, o garçom chegar com a cerveja e eu fazer questão de servir. pronto, tá visto. eu tremo. e tem dias que muito. talvez por isso, em caso de selfie, sento pau no dedo e tiro uma sequência, aparentemente desproporcional, de fotos. alguma vai ficar boa - eu penso, ou digo. por boa, quero dizer estável, claro. o gracejo acaba disfarçando a timidez também. pensa: um tanto de gente aglomerada, mais da metade com os joelhos flexionados, tentando estar no quadro e ser bonito ao mesmo tempo - não dá pra mexer a câmera! a solução é simples, tiro um monte. nesse meio tempo de segundo, alguém já soltou um "que porra é essa, luisa?!", a metade da metade do joelho flexionado já tá rindo, eu rio finalmente e vamos ter alguma foto bacana e - tacharam - espontânea! só que nem sempre dá pra levar esse charme instável na bossa. suo frio quando alguém desconhecido me pede pra tirar uma foto. tento a piada, pra amenizar a frustração do provável registro impressionista - vish, eu costumo tremer, mas vocês têm cara de sortudos, risos. é ruim. nem sempre é essa, mas é sempre ruim. sagitário, r i s o s. meu amigo alexandre já me disse que isso não é um defeito, é um estilo. depois disso, achei que ele tinha razão a maior parte do tempo. e o estilo é tudo isso: a piada ruim, o gatilho da espontaneidade, o assunto com o desconhecido, e o tremor. escrevendo isso, minhas mãos estabanadas e suas relações parecem poéticas. meu amigo alexandre parece poético. os desconhecidos, que por-sei-lá-que-raios querem tirar foto com seus joelhos flexionados no plano-cinelândia cheio de espaço, parecem poéticos. basta que não se acorde de mau humor. o que não é o caso hoje; já que acabei de quebrar o segundo copo da semana.
poesia porra nenhuma!
mas amanhã, talvez.
Kommentare