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ODE AO CU

  • Maíra Motta
  • 30 de nov. de 2017
  • 2 min de leitura

hoje invejei a pessoa capaz de fazer um poema sobre o cu. hoje quis ser a pessoa capaz de fazer um poema sobre o cu. se eu te amasse, hoje eu faria um poema só para o seu cu.

um livro inteiro de páginas sobre o cu, palavras sobre o cu: se o desfecho ao invés de epílogo se chamasse cu seria um final melhor? seria um desfecho cu que se abriria e deixaria sair todas as merdas que o meu corpo produziu ao longo do dia.

essa merda que tem como qualidade a matéria, o cheiro, a fisicalidade, a merda animalesca e sem filosofia nenhuma. a merda sem referência bibliográfica, sem livre associação de ideias, a merda sem psicologia: merda assim, sem nada, só bem merda mesmo.

a merda que te comprova vivo e que não sai por outro lugar se não pelo cu,

a merda que poderia ser de um macaco, de um pombo, de um canguru, mas que só poderia ser de um, porque o cu, além de tudo, é unidade. cu é deus.

hoje tudo o que eu quis foi ser a praticidade de um cu. ser sucinto como um cu. não pensar como um cu.

cu que, ao contrário da cabeça, não alimenta merda: elimina. imagina

se as merdas que você imagina e digere como verdade no pensamento grosso, imagina se essas merdas, etéreas e pouco delgadas, perdessem o ar e ganhassem forma e saíssem diariamente, involuntariamente, seguramente,

para sempre e sem volta do corpo da gente?

o cu hoje ganhou da cabeça. uma salva de palmas para ele, escondido, enrugado, enrustido, e que no fundo e na extremidade, te salva verdadeiramente de explodir.

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